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O ÚNICO, O MESMO, O A-FUNDAMENTO

 

Anuncia na sua primeira individual, em 1994, o que viria a ser o encaminhamento do seu trabalho: o questionamento do plano da tela até sua completa desconstrução. De pronto, pode-se pensar numa obra ancorada na racionalidade geométrica pelo uso do quadrado como elemento organizador da composição, mas o acesso da artista ao princípio ordenador se deu por via afetiva. Daí derivam conteúdos simbólicos incorporados com extrema sutileza à obra: morte e vida regem sequências que começaram inspiradas nas gavetas funerárias enfileiradas ao longo de muros e hoje rompem a frontalidade para se sustentar no espaço pleno.

Nas telas marcadas pela impressão a seco, o pigmento era depositado numa intensa despedida do que foi, um dia, pintura.

Depois, os fios partidos se eriçaram em circulo, no pano se abriu uma cratera quase rosa, ainda dor. Agora, desfeita completamente a trama, os fios soltos precipitam-se em cascata. Rompido o suporte, sobrevém a vertigem do sem fundo, do sem fim.

 

 

 

Maria Alice Milliet | 1996

 

 

 

 

 

 

 

O ORGÂNICO EM COLAPSO

 

A polaridade vida e morte, subjaz à poética da artista. Participando de um projeto no Amazonas, ela entra em contato com a exuberância da natureza local, sua flora e fauna.  No grande rio avista o boto em sua vitalidade e no mercado de Belém vê sua carne comercializada e seu órgão genital vendido como amuleto afrodisíaco. Associa essa castração à das mulheres de certas tribos africanas. Violação da vida e sexualidade reprimida são temas em que Eros e Thanatos se encontram sob o véu da cultura.

 

 

 

Maria Alice Milliet | 1996

 

 

 

 

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